quinta-feira, 23 de agosto de 2012

INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL: UM OLHAR SOBRE A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DIDÁTICO

MATEUS, Andreia Barbosa[1]
NERES, Celi Corrêa [2]


RESUMO

Esta pesquisa nos possibilitou um melhor entendimento de como vem sendo organizado o trabalho didático do professor em relação aos alunos com deficiência mental, na sala comum do ensino regular. Os dados foram coletados em uma instituição escolar pública, situada em Campo Grande/MS, denominada, neste trabalho, de “EMP”. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com duas professoras – A e B - que possuem, em suas salas de aula, alunos com deficiência mental. Por meio destes estudos, verificamos as dificuldades de interpretação por parte das docentes, sobre o que caracteriza a organização do trabalho didático, na perspectiva da inclusão escolar. Assim, vimos que a escola deve rever as suas concepções e reconhecer o seu papel frente aos alunos com deficiência, entendendo a prática pedagógica como uma ação coletiva. Para desenvolver a organização do trabalho didático de alunos com deficiência mental, na perspectiva inclusiva, é preciso respeitar as diferenças, tendo em vista uma aprendizagem que contemple todos os alunos, pois todos são capazes de aprender, independentemente de a condição intelectual ser mais ou menos privilegiada.

PALAVRAS CHAVE: Inclusão Escolar; Deficiência Mental; Organização Didática.


INTRODUÇÃO

 Esta pesquisa consiste em retratar os estudos realizados sobre a inclusão escolar de alunos com deficiência mental e a organização do trabalho didático, tendo em vista a qualidade de ensino e o acesso desses indivíduos à escola comum. Tais estudos foram realizados durante o curso de Pós-Graduação lato-sensu de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva.
Para tanto, foi analisada a prática pedagógica de duas professoras, que possuem alunos com deficiência mental em suas salas de aula, na escola comum, na Rede Municipal de Ensino (REME) em Campo Grande–MS, a fim de registrar como se organiza o trabalho didático dessas professoras, tendo em vista a promoção da inclusão escolar.
A metodologia utilizada foi a da pesquisa qualitativa de caráter descritiva. Segundo Koche (1997), a pesquisa descritiva possui uma especificidade científica e a constatação do fato a ser investigado é avaliada espontaneamente nas situações já existentes. Para tanto, foram utilizados, como procedimentos de pesquisa, entrevistas semi-estruturadas, por meio de um questionário com seis questões. A pesquisa descritiva ofereceu dados para análise e reflexão acerca das questões investigadas e, por fim, as entrevistas contribuíram para fazer um levantamento de como é organizado o trabalho didático das professoras informantes, tendo em vista a promoção da inclusão escolar de alunos com deficiência mental.
Neste trabalho abordamos o tema: Inclusão escolar de alunos com deficiência mental: Um olhar sobre a organização do trabalho didático; e justifica-se pela necessidade de compreender como ocorre a verdadeira construção da aprendizagem ao incluirmos esse tipo de alunos nos espaços educativos, na intenção de lhes proporcionar uma formação cultural contextualizada com a realidade da qual são integrantes e em convívio com os mais diversos grupos sociais.
Ao falarmos sobre a inclusão escolar de alunos com deficiência mental, torna – se necessário refletir sobre as relações vivenciadas por estas pessoas ao longo dos tempos, na interação com o meio escolar e com os diversos grupos sociais.
Tivemos como objeto de estudo a organização do trabalho didático, desenvolvido na escola comum no atendimento às crianças com deficiência mental. Alves (2005) define tal organização como uma categoria produzida no campo da educação, tendo como relevância os aspectos históricos desenvolvidos nas instituições escolares. Assim, destaca o trabalho e a organização técnica desse trabalho como questões essenciais para o entendimento das relações educativas.
Para melhor compreensão e facilitação da leitura, estruturamos este trabalho em três tópicos, sendo que o primeiro consiste em apresentar os aportes teóricos em relação à inclusão escolar dos alunos com deficiência mental; na segunda, buscamos retratar concepções abordadas na literatura em relação à escola e ao trabalho didático e na terceira, pretendemos evidenciar as análises de como esses aspectos vêm sendo trabalhados no âmbito escolar. Por fim, nas considerações finais, faremos as reflexões a respeito de como vem sendo trabalhada a inclusão escolar de alunos com deficiência mental nas instituições escolares e os principais questionamentos das educadoras a respeito das dificuldades em relação a este processo.


1 Apontamentos sobre a inclusão escolar de alunos com deficiência mental

Quando se coloca a questão histórica da educação especial nos diferentes contextos, é importante retratarmos as atitudes em relação às pessoas com deficiência. Para tanto, Tessaro (2005) destaca o pensamento de Pessoti (1984) e Guhur (1994), que abordam essa proposição sob a perspectiva anterior à era cristã, na qual os indivíduos que apresentassem deficiência de qualquer tipo, de modo específico, a mental, não eram considerados como pessoas, sendo, muitas vezes, negligenciados e excluídos. Com o início e propagação do cristianismo, os mesmos passaram a ser vistos como filhos de Deus e foram, então, protegidos e amparados (TESSARO, 2005).
No contexto educacional, a história do deficiente mental[3], segundo Mendes (2002), teve início no século XVI, com médicos pedagogos que acreditaram no desafio das possibilidades educacionais por meio de proposta metodológica especial para indivíduos considerados ineducáveis numa sociedade em que o ensino formal era um direito de poucos.
Segundo Tessaro (2005), o surgimento da educação especial como uma prática para prestar atendimento educacional às crianças com deficiência teve como propósito, atender às especificidades de cada deficiência, mantendo o foco no pedagógico. Porém, tais ações continuaram não favorecendo a convivência de pessoas com deficiência em escolas comuns, como também suas interações com indivíduos sem deficiência.
A partir dessas colocações, entendemos que a história da educação especial destinada, principalmente, as pessoas com deficiência mental teve em vista um processo educativo pautado na perspectiva médico-pedagógica, deixando, dessa forma, esses indivíduos à margem do processo de construção de conhecimentos.
Quando entra em cena a questão de uma concepção de ensino para atender os sujeitos com deficiência, é fundamental destacar o pensamento de Padilha (2001), que aborda tal aspecto como uma exclusão, em que a própria palavra por si retrata a “falta” de algo, relacionando-a com a patologia. Nesse sentido, Canguilhem (1995 apud PADILHA, 2001, p.3), afirma: “O importante seria que nós não limitássemos a vida humana a essa relação normal/patológico, pois é preciso olhar para além do corpo, além da doença, além da diferença, para além da deficiência.”
              Esse discurso evidencia a necessidade de superação à caracterização da deficiência mental como um fenômeno de limitações e incapacidades conferidas por diagnósticos médicos e psicológicos, bem como ao modelo de normalidade 5  instituído pela sociedade.  
              Segundo assinala Mantoan (2004), a concepção da deficiência mental sobre o enfoque patológico resulta em atendimentos educativos especializados, entendendo a pessoa com deficiência como “diferente”, sendo necessário fazer readaptações para inseri-la. De um lado a autora relata a discordância dessa visão, uma vez que ressalta as limitações do indivíduo e contribui para a acentuação do fracasso escolar. Porém, por outro lado, reconhece ser necessária a sua utilização em determinados momentos, já que dificilmente será possível conhecer todas as dificuldades inerentes aos aspectos orgânicos e às decorrências sócio- culturais.
 Para essas contradições serem superadas, Aranha (2000, p. 2) propõe uma importante colocação: “A ideia de inclusão se fundamenta em uma filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Isso significa garantia de acesso de todos a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social”.
Dessa forma, essa autora nos chama a atenção sobre como ocorre a educação dos alunos com deficiência, na perspectiva da inclusão escolar, cujas características peculiares não estão sujeitas à exclusão e representam oportunidades de aprendizagem dentro das classes comuns. Isto implica não somente a integração dessas crianças no ambiente, mas a inclusão social num processo de participação na construção de uma sociedade democrática.
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5   O conceito de normalidade do ponto de vista cultural,  refere-se  aos padrões de  conduta ou de funcionamento do indivíduo,  estabelecidos por determinadas áreas do conhecimento. “Esses padrões ou normas referem-se a médias estatísticas do que se deve esperar do organismo ou da personalidade, enquanto funcionamento e expressão.” (BOCK, FURTADO, TEIXEIRA, 2002, p.353)



Góes (2007, p.75) retrata como ocorre a inclusão entendida somente a partir da
inserção do aluno a instituição escolar:


É reduzida a uma circunstância que se cria facilmente; não um processo longo, dependentes de tarefas muito complexas da intervenção educativa. E, mesmo como visões mais exigentes sobre as adaptações que a escola deve fazer, as diretrizes não
se concretizam facilmente, o que na prática resulta numa “escola igualitária para todos”, que oferece condições uniformes para a aprendizagem e insuficientes para o aluno especial. Isso caracteriza uma atenção desigual a esse aluno, pois a igualdade aí implicada estaria justamente na atenção diferenciada.

Tal discurso evidencia a complexidade da educação inclusiva, a qual tem como características essenciais, o respeito à diversidade e singularidades de cada educando, visando à qualidade nos processos de ensino e aprendizagem. Assim, é um processo que vai além da relação professor-aluno, envolvendo de um modo geral toda a instância educativa.
Ao abordarmos o direito à educação escolar para as pessoas com deficiência, é fundamental retratarmos a contribuição de políticas públicas por meio de diversos documentos. Dentre eles, Bueno (2008); Ferreira e Ferreira (2007) destacam a Constituição de 1988, que impõe, como princípio, a educação de todos, incluindo os alunos com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino.
Há, também, o movimento “Escola para Todos”, conforme propõe a Declaração de Jontiem, em 1990, a fim de oportunizar práticas educativas a todas as pessoas, para que possam satisfazer as suas necessidades de aprendizagem. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (LDB), de 1996, ressalta a responsabilidade do poder público e apoios especializados, quando necessários, e a Declaração de Salamanca (1994), que, embora não dirigida exclusivamente às pessoas com deficiência, destaca a igualdade de oportunidades para elas (BUENO, 2008; FERREIRA, et al, 2007).
Ainda no contexto das reformas educacionais, recentemente foram publicadas as diretrizes para a educação especial em âmbito nacional Resolução CNE/CEB n.02/2001), definindo o atendimento aos alunos com necessidades especiais, o qual deve ser realizado preferencialmente em classes comuns do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica (Ferreira, Ferreira, 2007).
A escola entendida como instituição social da história ocidental tem como papel primordial o acesso ao conhecimento e, conforme destacamos anteriormente, tem proporcionado, nas últimas décadas, a ampliação da oferta de vagas para o ensino fundamental aos alunos, de forma a promover o ingresso a todos.  Nesse panorama, Mazzota (1996) e Jannuzzi (1997) apontam as contradições desse processo na escolarização dos alunos: por um lado, evidenciam certa preocupação em garantir atendimento às pessoas com deficiência; por outro modo, ressaltam o aspecto quantitativo, tendo em vista os resultados para legitimar os acordos governamentais. (MAZZOTA,1996; JANNUZZI,1997 APUD FERRREIRA, FERREIRA, 1997)
Nesse sentido, Ferreira, Ferreira (1997) fazem uma importante colocação: “Deve-se buscar ir além da dimensão do acesso e da visão da chegada à classe comum como fim de um processo bem-sucedido na escolarização desses alunos” (p.25). Dessa forma, apontam questões relevantes para pensarmos e repensarmos sobre a educação de pessoas com deficiência, dentre outras, destacam a evolução recente no atendimento educacional desses alunos tendo em vista o acesso/permanência e como essas ações de inserção têm se desenvolvido na ampliação efetiva de qualidade a partir do contexto das reformas educacionais no país.
Assim, os referidos autores avaliam esses aspectos de garantia dos direitos e interesses da pessoa com deficiência a partir de duas fontes de dados: os censos escolares e o Plano Nacional de Educação (PNE). A primeira fonte aponta resultados e tendências, e a segunda, enseja a concretização de uma política orientada à ruptura dos processos de discriminação e a exclusão de alunos com deficiência nas redes regulares de ensino.
 A partir dessas colocações, percebemos a relação entre o ingresso massivo desses alunos e a promoção da qualidade no desenvolvimento das práticas educativas. Nessa direção, é indispensável investir prioritariamente em uma educação qualificada, que implica uma valorização e respeito aos conhecimentos construídos ao longo das vivências e a partir das relações humanas, pois estes são também fundamentais na constituição da aprendizagem.
 Em outras palavras, na perspectiva da inclusão escolar um aluno com deficiência mental é visto como protagonista na construção dos seus próprios conhecimentos contribuindo para uma participação democrática, o que representa dizer que todos têm valores e respeitos universais, mas são vistos e compreendidos em suas individualidades, ou melhor, em suas singularidades. Enfim, entendemos que essa proposta propõe uma organização da instituição escolar, na qual esta deve ser reestruturada para o desenvolvimento de um trabalho que promova a qualidade na educação de todos os indivíduos.
 Apresentaremos a seguir as concepções teóricas em relação ao contexto escolar e a organização do trabalho didático considerando a existência histórica nas relações educativas e como estas vem sendo desenvolvidas nos dias atuais tendo em vista a inclusão escolar.



1.1 A instituição escolar e a organização do trabalho didático

 A escola atualmente é vista como uma das mais importantes instituições sociais, pois tem como papel primordial fazer a mediação entre o indivíduo e o meio, favorecendo dessa forma uma melhor compreensão da realidade cotidiana. (BOCK, et all, 2002). Para tanto é necessário pensarmos na organização do trabalho didático da escola como uma prática comprometida com todos os indivíduos. Assim, Alves (2005) define tal organização elencando três elementos:
a) ela é sempre, uma relação educativa que coloca, frente a frente, uma forma histórica de educador, de um lado, e uma forma histórica de educando(s), de outro;
b) realiza-se com mediação de recursos didáticos, envolvendo os procedimentos técnico- pedagógicos do educador, as tecnologias educacionais pertinentes e os conteúdos programados para servir ao processo de transmissão do conhecimento;
c) e implica um espaço físico com características peculiares, onde ocorre. (ALVES, 2005,p.10-11)

Saviani (2000) ressalta a contribuição do trabalho pedagógico tendo em vista a democratização da sociedade atual, atendendo aos interesses das esferas populares de forma que os conhecimentos específicos se relacionem com a realidade social, proporcionando, assim, a qualidade nas práticas dos alunos, pois estes agem sobre os conteúdos a serem apreendidos de acordo com os seus interesses e necessidades. Sob este aspecto, o referido autor descreve: “Tal contribuição se consubstancia na instrumentalização, isto é, nas ferramentas de caráter histórico, matemático, científico, literário, etc, cuja apropriação o professor seja capaz de garantir aos alunos” (p.80).
 Tendo em vista a função da escola, é importante destacarmos como se dá a organização do trabalho pedagógico a fim de atendermos as necessidades humanas. Nesse sentido, Alves (2002, apud LANCILLOTTI, 2006, p. 39) afirma:

Ainda nos primeiros séculos da época feudal, o ato educativo foi, predominantemente, uma relação que envolvia um educador, de um lado, e um educando, de outro. Enquanto se realizava a educação intelectual de um jovem, a relação que se estabelecia entre ele e seu preceptor, tanto na sociedade escravista quanto na sociedade feudal, era, sobretudo, de natureza individual [...].


A escola, como instituição social, tem suas raízes históricas e visou atender às necessidades vigentes a cada época. Sob esse olhar, a educação na era feudal atendeu à intencionalidade de uma determinada camada social que estabeleceu uma prática educativa individualizada desenvolvida entre educador e educando, com acesso restrito devido ao seu alto custo.
Em decorrência das transformações sociais, a demanda por educação foi ampliada e a conquista da democratização do ensino, pela classe trabalhadora, foi garantida a todos os indivíduos, bem como o acesso ao conhecimento e à cultura. Sendo assim, tornou-se necessária uma nova organização do trabalho didático, que permitisse, por meio do seu baixo custo, as possibilidades de universalização da educação (BOCK et al, 2002; LANCILLOTTI, 2006).
            Para melhor compreendermos como se deu a organização do trabalho didático tendo em vista a democratização do ensino, recorremos a Lancilotti (2006), que destaca os pressupostos de Comenius.  Tal educador evidenciou a importância da distribuição das disciplinas e a organização dos educandos em classes para o atendimento de um grande número de alunos. Nesse sentido, a escola no qual ele instituiu deve ser analisada como uma oficina da humanidade e teve como objetivo a manufatura para propor uma educação fragmentada, atendendo a todos os padrões sociais. Esse projeto de ensino retrata o desenvolvimento do trabalho didático tendo como referência, o aluno médio, sustentando-se na concepção de atendimentos coletivos e desenvolvendo os conhecimentos de forma homogênea. (LANCILOTTI, 2006)
Dessa forma, é possível comprovar as contribuições do projeto de Comenius para os dias atuais, no qual, teve como objetivo a universalização do ensino. Esse processo de ensino disponibilizou para todos os alunos um mesmo conhecimento, desenvolvendo-se de forma coletiva. No entanto, com os avanços conquistados na garantia do acesso à educação dos alunos com deficiência nas classes comuns de ensino, e com as propostas abordadas para ajustar o atendimento à diversidade humana como instrumento da inclusão escolar, torna-se necessário a escola romper com a sua tradição histórica referente à concepção da aprendizagem como uma ação homogênea, tendo em vista um padrão de aluno. 
Passos (2002, p.109) afirma que “há hoje uma aposta na capacidade de os professores ensinarem as crianças com experiências diversas e conhecimentos distintos. Ou seja, não é possível alunos diferentes aprenderem em igual medida qualitativamente e quantitativamente”. Tudo isso tem que ser visto sem que percamos de vista os direitos de acesso aos bens culturais, já que é necessário reconhecermos que todos são capazes de aprender, independentemente das diferenças sociais, psíquicas, físicas e culturais; porém, cada indivíduo interage de forma subjetiva de acordo com as suas necessidades e expectativas, em relação ao objeto de conhecimento.
Sobre esse aspecto, Lancillotti ressalta, em seu discurso, uma importante contribuição ao trabalho pedagógico para o atendimento à diversidade dos alunos:

[...] para o atendimento efetivo de toda a pluralidade humana a escola precisa se transformar, incorporar novos conhecimentos, novas tecnologias e procedimentos didáticos. Para atender o aluno com deficiência é imprescindível reformular a organização do trabalho didático vigente na escola, pois esta encontra-se anacronizada pelo movimento da história. (Lancillotti, 2006, p. 48)

No atual contexto escolar, percebemos a complexidade do desenvolvimento de tais ações pedagógicas, e, como assinala Góes (2007), esse papel é atribuído exclusivamente ao professor. Nessa posição, a autora reconhece o professor como principal responsável pelo desenvolvimento das ações educativas do aluno com deficiência, bem como dos outros sem deficiência. Porém, ressalta que esse profissional não deveria sentir - se sozinho no cumprimento às novas demandas do trabalho pedagógico, no que tange a inclusão escolar.
A partir dessas colocações entendemos que a escola deve ajustar-se para atender o que a inclusão exige; sendo necessária a mobilização nos projetos pedagógicos, bem como uma equipe com ações de gestão democrática e participativa, envolvendo todo o grupo escolar.
 Sobre a realização do trabalho didático de alunos com deficiência mental, Anache (2008), discorre, em seus estudos, a contribuição das relações sociais, tanto no aspecto individual, quanto no coletivo para o desenvolvimento da aprendizagem, tendo como referência a abordagem histórico – cultural. Destaca, ainda, a relevância da subjetividade nos processos de ensino e aprendizagem, considerando tais alunos como aprendizes em desenvolvimento, que interagem de forma diferenciada com os conhecimentos nas distintas situações de aprendizagem.
            Anache (2008) baseia-se no postulado de Vygotsky (1997) em relação à educação das crianças com deficiência mental, uma vez que o mesmo retrata a importância das tendências psicológicas como possibilidades de compensação nas dificuldades de desenvolvimento desses indivíduos. Nesse caminho, ressalta a necessidade de estruturar o processo educacional a partir dos interesses e dos conhecimentos tácitos desses alunos, considerando o meio em que se encontram inseridos.
Tendo em vista as contribuições para a abordagem de uma prática de ensino inclusivo dos alunos com deficiência mental torna-se necessário ressaltar, por outro lado, o pensamento de Piaget (1943) que aponta a interação do sujeito com o meio social como aspecto relevante para a constituição do conhecimento. Para este autor o conhecimento não está somente no sujeito ou no objeto, mas na interação desses dois elementos (Mantoan, 2004).
 Partindo desses pressupostos, entendemos que os educadores precisam ter como referência em suas práticas pedagógicas, a superação das dificuldades ocasionadas pelas limitações próprias da deficiência. Assim, devem organizar o trabalho didático tendo em vista o desenvolvimento e aprendizagem da criança com deficiência mental, desencadeando um processo de ensino–aprendizagem a partir das experiências vivenciadas no meio social.


2. A inclusão escolar do aluno com deficiência mental e a organização do trabalho didático: o pensado e o instituído

            Na busca de entender como é organizado o trabalho didático do professor em relação à inclusão dos alunos com deficiência mental na escola comum, seguimos para a realidade escolar. Para tanto, foram realizadas entrevistas semi–estruturadas com o objetivo de analisarmos como vem sendo realizado o ensino aos alunos com deficiência mental, e, dessa forma, conhecer os avanços conquistados ao longo das políticas educacionais de proposta inclusiva, cujo objetivo tem sido promover a participação desses alunos inseridos nas classes do ensino regular.
A pesquisa foi realizada numa instituição escolar denominada, neste estudo, de “EMP”, situada na região periférica, distante aproximadamente 15 KM do centro da cidade de Campo Grande, MS. A escola foi selecionada por atender a um número significativo de alunos com diversos tipos de deficiência (mental, visual e física); atualmente, tem treze alunos com deficiência mental, sendo que dez destes encontram-se matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental e três, nos anos finais desse mesmo nível escolar. Convém ressaltar que há na instituição uma grande receptividade da direção à contribuição na qualidade da educação dos alunos com deficiência.
 Iniciamos nossa pesquisa de campo selecionando duas professoras dessa escola, que chamaremos de “A” e “B”.
No primeiro momento, realizamos uma conversa informal com essas profissionais em que aceitaram participar da pesquisa. As duas professoras envolvidas nestes estudos compõem o quadro efetivo da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande (SEMED) e estão desenvolvendo sua ação docente nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A professora “A” tem formação em Letras pela UNIDERP, e atualmente faz pós - graduação em educação especial. Leciona há dois anos na escola “EMP”, para uma turma de 3° ano. Atende três alunos com deficiência na sua sala de aula, sendo dois deles com deficiência mental.
A professora “B” é graduada em pedagogia pela UFMS, possui o curso de magistério e tem especialização em alfabetização. Leciona há 14 anos na instituição onde realizamos esta pesquisa e atualmente leciona  para uma turma de 4º ano, possui  na sua sala de aula três alunos com deficiência, sendo um deles com deficiência mental.
Apresentaremos a seguir as coletas dos dados realizadas na pesquisa de campo, onde teremos como base em nossas discussões os estudos que serviram de fundamentação teórica sobre o tema abordado.


2.1 IMPLICAÇÕES DE UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA NA PERSPECTIVA DA
INCLUSÃO ESCOLAR

Para o desenvolvimento desta pesquisa buscamos compreender o olhar das professoras em relação as seguintes questões: 1- Em sua opinião, qual é o papel do professor em relação à inclusão escolar de alunos com deficiência?  2- Como você desenvolve o trabalho pedagógico, no sentido de contribuir para o processo de inclusão escolar? 3- Frente a isso, quais são as suas expectativas no desenvolvimento da aprendizagem do aluno com deficiência mental, no início, decorrer e ao término do ano escolar? 4- Que tipo de mediação a sua prática pedagógica procura fazer no sentido de interagir os conteúdos escolares com as experiências do aluno com deficiência mental? 5- Qual é a sua maior dificuldade de trabalhar a inclusão escolar, com alunos deficientes, numa sala comum onde todos os alunos devem ser entendidos em suas singularidades? 6- Partindo das relações entre alunos, como ocorre a interação entre uma criança com deficiência mental com outras sem deficiência?
Relativamente ao papel do professor, a professora “A” ressaltou: “Fundamental, uma vez que o professor é a mola propulsora para que a inclusão aconteça de fato.” Já a professora “B” afirmou:
O papel do professor é de acolher esse aluno, fazer com que ele realmente se sinta incluído, apesar das dificuldades que permeiam a inclusão de alunos com deficiência nas escolas. É preciso que o professor esteja pré disposto a se doar em prol de um ser humano que se encontra à margem da sociedade.

 As duas professoras apontam a relevância do comprometimento do professor para a inclusão acontecer de fato. Isso nos remete ao pensamento de Góes (2007), que considera esse profissional como sujeito determinante na promoção desse processo no contexto escolar. 
 No discurso da professora “B” evidenciamos uma grande preocupação sobre a participação dos alunos com deficiência mental no desenvolvimento das ações educativas. Assim, ao destacar o acolhimento destes alunos, esta profissional nos remete ao que menciona Góes (2007), em relação à contribuição da escola no processo de formação social: que a acolhida não deve ser somente do “educando” em si, mas, do indivíduo de forma global propiciando, desse modo, o crescimento pessoal e intelectual na interação social com os diversos grupos culturais.
 Quanto ao desenvolvimento do trabalho pedagógico tendo em vista a inclusão escolar, a professora “A” declara: “Estimulo a participação desse aluno em todas as atividades do grupo, procurando transmitir - lhe a segurança de que valem mais os esforços que ele empenha na produção das atividades do que o produto que dele resulta”. A professora “B” explica: “Não é uma situação fácil, pois tenho em minha sala três alunos especiais e realizo atividades diferenciadas todos os dias. Então tenho dois grupos de trabalho em sala e minha atenção quer queira ou não é sempre mais voltada a eles.”
Sob esses olhares, vimos que há uma contradição entre os pensamentos das educadoras entrevistadas, uma vez que a professora “A” ressalta a interação dos alunos com deficiência mental no desenvolvimento das atividades escolares com todo o grupo, e a professora “B” destaca a organização da sua prática pedagógica, separando a turma em dois grupos, sendo um dos alunos “normais”, e o outro, dos com deficiência, empregando o termo “especiais”.
De um lado, verificamos, na ação pedagógica da professora “A”, o desenvolvimento do que propõe a perspectiva da inclusão, ou seja, o reconhecimento das possibilidades de ensino trabalhando coletivamente com todo o grupo de alunos. Por outro lado, essa professora não demonstra preocupação com a qualidade nos resultados alcançados por esses alunos ao longo do processo. Assim, tem como primazia no seu trabalho pedagógico, a interação social dos alunos com deficiência mental. Identificamos, nessa prática, a abordagem de Passos (2002) sobre a dificuldade do professor em trabalhar com as diferentes necessidades e conhecimentos dos alunos. Essas colocações nos levam a rever a função do professor no desenvolvimento das habilidades na aprendizagem dos alunos com deficiência mental, em que cada indivíduo interage de forma subjetiva em relação à aprendizagem.
A prática pedagógica da professora “B” revela a classificação da turma em dois grupos de aprendizagem e constantes realizações de atividades diferenciadas para o ensino dos alunos com deficiência. Dessa forma, tal ação está em consonância ao que menciona Mantoan (2004), referentemente aos atendimentos especializados ao deficiente, retratando um enfoque no patológico.
Ao abordarmos o tema que trata das expectativas no desenvolvimento da aprendizagem dos alunos com deficiência mental, no início, no decorrer e no término do ano letivo, a professora “A” ressaltou: “Início: conscientizá-lo que ele terá responsabilidades com o seu saber, como todos têm. Decorrer: criar condições para que ele sinta-se estimulado e capaz. Final: que ele tenha avançado, ainda que pareça um pequeno avanço.”
A professora “B” afirmou: “No início, achei que não teria resultado algum. Mas no decorrer do processo, percebi inúmeros avanços conquistados por eles e tenho uma expectativa muito grande que eles saiam lendo no final do ano letivo”.
De acordo com essas falas é possível analisar que ambas têm perspectivas de contribuir com os avanços dos alunos com deficiência mental. Assim, a professora “A” enfatiza o mínimo como essencial nesse processo de aprendizagem, enquanto a professora “B” revelou o reconhecimento dos avanços conquistados por seus alunos com deficiência e possui uma maior expectativa, em relação à primeira professora, ao abordar sobre a aquisição da leitura por eles.
O posicionamento da segunda professora evidencia o pensamento de Anache (2008), ao abordar sobre a valorização da aprendizagem como uma ação individual, entendendo os alunos como sujeitos em desenvolvimento na acepção dos conhecimentos.
Quanto à mediação da prática pedagógica no sentido de interagir os conteúdos escolares com as experiências dos alunos com deficiência, a professora “A” revela: “Há a realização dos jogos pedagógicos e adaptações que são desenvolvidos por toda a sala, porém consigo direcionar o jogo adequando à especificidade dos alunos com deficiência”.
Em relação a essa questão, a professora “B” diz: “Respeito seu ritmo de trabalho e de aprendizagem que não é a mesma dos outros alunos. Intervenho a todo o momento, levando- os a perceber os erros e redirecionando o trabalho. O atendimento é individualizado com material de apoio.”
Essas professoras desenvolvem seus trabalhos realizando os ajustes necessários à articulação dos conteúdos escolares com as experiências dos alunos nos contextos sociais. A prática pedagógica da professora “A” mantém o foco nas especificidades de cada deficiência e destaca as adaptações do ensino para todos os alunos, independentemente das limitações encontradas por esses sujeitos ao longo do processo de ensino e aprendizagem. Tal ação evidencia uma ação voltada para a essência do processo de inclusão escolar, ou seja, o comprometimento com todos os alunos e não somente dos deficientes.
A professora “B” ressalta a relevância do atendimento individualizado e dos materiais adaptados na articulação dos conhecimentos com a prática social dos alunos deficientes. Observamos, nessa prática, o desenvolvimento de uma ação educativa pautada na compreensão de que os alunos com deficiência mental são “diferentes”. A partir desse posicionamento, entendemos o que aponta Mantoan (2004), ao destacar as readaptações na inserção desses sujeitos nos contextos educacionais. Para tanto, torna-se relevante a compreensão da prática educativa como um ato coletivo, que tem como característica a subjetividade no processo de aprendizagem.
Ao questionarmos sobre as dificuldades de trabalhar a inclusão escolar de alunos deficiência numa sala comum, a professora “A” afirmou: “A quantidade de alunos. Sem dúvida todos os alunos são diferentes entre si e até nós somos. A prática pedagógica eficiente exige um direcionamento de objetivos, frente às dificuldades de cada aluno e isso seria muito mais produtivo com um número de alunos reduzido”.
A professora “B” ressaltou: “A dificuldade é a de atender a todos os alunos, pois quando estou atendendo os especiais e o trabalho está fluindo, tenho que parar para atender os outros. Não tenho como dar atenção exclusivamente a eles, o que ao meu olhar eles necessitam muito ainda”.
Relativamente a essa questão observamos que as duas professoras apontaram, como dificuldade maior, o número de alunos por sala de aula. Assim, a primeira delas considera a necessidade de redução da quantidade de alunos, a fim de priorizar a qualidade nas ações educativas. Tal discurso evidencia que o contexto escolar não tem conseguido contemplar a sua organização social a partir das questões quantidade e qualidade.
O posicionamento da professora “B” evidencia, mais uma vez, a concepção diferenciada em relação aos alunos com deficiência, entendendo-os como sujeitos especiais, de acordo com os registros da docente.
Sobre a relação social entre os alunos com deficiência mental e os outros alunos, na experiência relatada pela professora “A” : “É muito tranquila e cooperativa. As crianças não têm preconceito e afirmo com base nas observações que tenho feito a simplicidade das crianças não as deixa ver as deficiências/ diferenças do outro, mas sim as semelhanças que há entre elas.”

 A professora “B” relata:
É impressionante a solidariedade e carinho que eles tem com esses colegas. Eles acolhem, ajudam e não tem nenhum tipo de preconceito. sentem – se felizes e realizados em poder ajudá- los. Os especiais por sua vez também se relacionam bem com os demais e solicitam ajuda quando necessário.

Sobre este aspecto observamos que há, nessas práticas, uma contribuição aos alunos com deficiência mental, no sentido de integrá-los socialmente, permitindo que desde cedo convivam com a diversidade nos contextos sociais, ou seja, valorizando o potencial de cada um, as diferentes perspectivas e a possibilidade de crescimento individual e em grupo.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 O estudo realizado nesta pesquisa nos possibilitou um melhor entendimento de como vem sendo organizado o trabalho didático do professor tendo em vista o processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência mental. Assim, buscamos num primeiro momento, compreender e analisar como ocorre tal processo considerando a existência histórica nas relações educativas, nas quais estas tiveram como foco atender às necessidades de uma determinada época social.
Nesta pesquisa observamos as dificuldades de interpretação por parte das docentes, sobre o que caracteriza a organização do trabalho didático na perspectiva da inclusão escolar. Esse processo ficou evidente nos discursos das entrevistas das professoras analisadas, uma vez que a professora “A” tem como referência na organização da sua prática pedagógica, a interação social; a professora “B” ressaltou as concepções de ensino pautadas nas abordagens de ensino diferenciadas, trabalhando a partir das limitações da deficiência, que, conforme vimos na fundamentação teórica deste trabalho, contribui para ressaltar as diferenças desses alunos nas classes comuns de ensino.
         Diante dessa constatação, vimos a necessidade da formação continuada e de reflexões por parte dos educadores, acerca da qualidade no desenvolvimento de um trabalho didático dos alunos com deficiência mental, dentro da perspectiva da inclusão escolar.
Pudemos identificar, nas duas práticas pedagógicas, um ambiente favorável à interação social e à participação dos alunos com deficiência com todo o grupo. Porém, por outro lado, evidenciamos a preocupação das professoras em relação à quantidade de alunos por sala de aula, fator interferente para a falta de qualidade na aprendizagem, já que esta deve acontecer na forma de atendimentos coletivos e os alunos devem ser entendidos em sua subjetividade.
 Pesquisas revelam o professor como um importante elemento para que a inclusão aconteça de fato, pois é o mediador social dos conhecimentos acumulados historicamente. Entretanto, convém ressaltar que é impossível considerar apenas o esforço desse profissional para atender à complexidade dos objetivos propostos na perspectiva da educação inclusiva. Assim, a escola deve rever as suas concepções e reconhecer o seu papel em relação aos alunos com deficiência, entendendo a ação pedagógica como uma prática, na qual implica numa formação contextualizada de todos os indivíduos permitindo-lhes a participação e a transformação do seu meio.
 Enfim, a partir dos nossos estudos teóricos e das análises realizadas nesta pesquisa, concluímos que, para desenvolver a organização do trabalho didático de alunos com deficiência mental na perspectiva inclusiva, é preciso respeito pelas diferenças, tendo em vista uma aprendizagem que contemple todos os alunos, pois todos são capazes de aprender, independentemente de sua condição intelectual ser mais ou menos privilegiada.  


4 REFERÊNCIAS

ALVES, Gilberto Luiz. O trabalho didático na escola moderna: formas históricas. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. p. 10-11

ANACHE, Alexandra Ayach. As contribuições da abordagem histórico - cultural para a pesquisa sobre os processos de aprendizagem da pessoa com deficiência mental . In: Educação especial: diálogo e pluralidade / Organização: Cláudio Roberto Baptista, Kátia Regina Moreno Caiado e Denise Meyrelles de Jesus, et all. Porto Alegre: Editora Mediação, 2008, p.47-56.

ARANHA, Maria Salete Fábio. Inclusão social e municipalização. In: MANZINI, E.J. org. Educação especial: temas atuais. Marília: Unesp, Publicações, 2000, p.2
BUENO, José Geraldo Silveira. As políticas de inclusão escolar: uma prerrogativa da Educação Especial? São Paulo: PUC, 2008, p.4
BOCK, Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lurdes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 261-265; p.353
FERREIRA, Maria Cecília Carareto; FERREIRA, Júlio Romero. Sobre inclusão, Políticas Públicas e Práticas Pedagógicas. In: Góes, Maria Cecília Rafael de; Laplane, Adriana Lia Friszman (orgs). Políticas e práticas de educação inclusiva. 2 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. p. 22-26
GÓES, Maria Cecília Rafael de. Desafios da Inclusão de Alunos Especiais: A Escolarização do Aprendiz e sua Constituição como Pessoa. In: Góes, Maria Cecília Rafael de; Laplane, Adriana Lia Friszman (orgs). Políticas e práticas de educação inclusiva. 2 ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. p. 75-81
KERN, Elisa. O processo de Inclusão/Exclusão: Uma possibilidade de (Re) significar práticas. In: STOBÄUS, Claus Dieter; MOSQUERA, José Mouriño. Educação Especial: em direção à Educação Inclusiva.  3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. p.147
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos da metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. 22. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,1997. p.122-126
LANCILLOTTI, Samira Saad Pulchério. A organização do trabalho didático como categoria de análise para a educação especial. In: Neres, Celi Corrêa; Lancillotti, Samira Saad Pulchério (orgs). Educação Especial em foco: questões contemporâneas. Campo Grande: Ed. UNIDERP, 2006. p. 39-48
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Ser ou estar: eis a questão: explicando o déficit intelectual. Rio de Janeiro: Ed. WVA, 2004. p.18-20
MENDES, Enicéia Gonçalves. Perspectivas para a construção da escola inclusiva no Brasil. In: Palhares, M.S; Marins, S.C. ( orgs.). São Carlos: EDUFSCAR, 2002, p.61-62
PADILHA, Anna Maria Lunardi. Práticas pedagógicas na educação especial: a capacidade de significar o mundo e a inserção cultural do deficiente mental. Campinas, SP: Autores associados, 2001. p. 03 - 40
PASSOS, Laurizete Ferragut. O projeto pedagógico e as práticas diferenciadas: o sentido da troca e colaboração. 3. ed. São Paulo: Papirus, 2002, p.109.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. 33 ed. Campinas, SP: autores Associados, 2000. p. 80
TESSARO, Nilza Sanches. Inclusão escolar: concepções de professores e alunos da educação regular e especial. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005, p.19-20



[1] Pós-graduanda do Curso de Pós–graduação Lato - Sensu em Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Docente da Secretaria Municipal de Educação, Campo grande, Mato Grosso do Sul – MS.
[2] Orientadora docente do Curso de Pós–graduação Lato - Sensu em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,  da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Doutora em Educação.


[3] O termo deficiência mental tem como definição mais conhecida e aceita a da Associação Americana de Deficiência Mental–AAMD (1992, p.29), no qual destaca: [...] caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitantemente com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade [...] (KERN, 2006, p. 147 IN: STOBÄUS; MOSQUERA, 2006).

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Projeto: APRENDENDO COM OS RÍTMOS

 ESCOLA MUNICIPAL ANTONIO JOSÉ PANIAGO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO
SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
PROFESSORA: ALINE MARA ALVES MACIEL

1. Público Alvo: ALUNOS DO AEE - Atendimento Educacional Especializado


2. JUSTIFICATIVA

A música tem sido através dos séculos um das formas de comunicação entre os indivíduos, pretende-se refletir de que forma os afetos, os sentimentos e as sensações do aluno interagem com a aprendizagem das práticas da cultura musical.
Enquanto o ser está vivo, falando e se movimentando está expressando musicalidade e expressando suas emoções através de sons e "ritmos". Levando o educando a descobrir seu corpo como elemento criador da música, tornando-o  uma fonte lúdica e criativa.
Ouvindo música os conceitos de ritmo, intensidade, altura e melodia são também percebidos, e, além disso, a criança habitua-se a relacioná-la a expressão de sentimentos e a utiliza - la como  meio de comunicação tornando os encontros no AEE  muito mais atraentes e divertidos.
Temos por finalidade, oportunizar a ampliação  dos conhecimentos que o aluno possui, sua leitura de mundo, bem como apresentar- lhe algumas das diversas formas de expressão e comunicação disponíveis no meio social.

3. DURAÇÃO:  1ano ( fevereiro a novembro de 2012)

4.1 OBJETIVO GERAL
Estimular nos  alunos o desenvolvimento de habilidades cognitivas, afetivo- sociais e psicomotoras através da música e de jogos musicais.

4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Estimular a sensibilidade auditiva, o senso rítmico e a coordenação motora.
- Conhecer, apreciar e adotar atitudes de respeito diante da variedade de manifestações musicais do Brasil e do mundo.
- Despertar o interesse na audição de musicas de variados gêneros.
- Estimular a percepção auditiva e a memória musical.
- Estimular  oralidade e desenvoltura.
- Estimular a pesquisa, exploração, composição e interpretação de sons de diversas naturezas e procedências.
- Perceber  a importância da música na nossa vida.
- Desenvolver a criatividade e a habilidade de interpretar letras de músicas populares.


5. METODOLOGIA
Para alcançar os objetivos os alunos serão estimulados a participar das  atividades musicais espontaneamente, em pesquisas e descobertas de sons, ritmos e melodia Será sugerido  que a música seja percebida e expressada com o próprio corpo, tendo o ritmo, a melodia, a intensidade, o timbre,como condutores dos movimentos corporais.
                O ouvir é muito importante para nós nos comunicarmos. Claro que estamos ao mesmo tempo ouvindo, vendo, sentindo todas as coisas. O nosso olhar e nossos ouvidos são bastante espertos, pois vemos e ouvimos só o que queremos.
          Explorar as possibilidades de aprendizagem através da musica, selecionando as músicas e os jogos musicais de acordo com os grupos trabalhados  para adequar  à faixa etária, nível serial que está cursando,  habilidade compreensiva e conhecimento de mundo que o aluno apresenta.

6. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Coletânea de musicas (CDs / DVDs):
- Musica para Crianças – clássico instrumental
- Songs For Love – pop internacional
- Como é que se diz eu te amo – Legião Urbana
- As Melhores da Line Record - gospel music
- Mundo da Criança – Vinicius de Moraes
- Gabriel O Pensador – pop brasileira

 Com a música trabalharemos:

-    Audição e Expressão Corporal
-    Leitura, Releitura
-    Interpretação da música por meio de escrita, oralidade, desenho e expressão corporal
-    Exploração do vocabulário
-    Pesquisa sobre autores de algumas músicas
-    Oralidade e Expressão oral e Escrita


7. RECURSOS A SEREM  UTILIZADOS

 
Aparelho de CD e DVD
Computador com caixas de som
CDs / DVDs
Xérox
Folhas de sul fite branco e colorido
Canetões,  pinceis, lápis de cor, giz de cera, canetinhas, massa de modelar, tintas guache, lápis, borracha, caneta, caderno, cartolina, sulfitão, cola, tesoura, papel cartão, cartolina, instrumentos musicais diversos.

8. AVALIAÇÃO
               A avaliação será feita de forma continua e sistemática, observando o desenvolvimento individual e coletivo do aluno, analisando as atitudes como: respeito, compromisso com o aprendizado. Também através do acompanhamento dos trabalhos realizados pelos alunos. Verificar se o aluno:

·        Participou das atividades: individuais e coletivas
·        Expressou idéias e opiniões de forma coerente
·        Participou das pesquisas
·        Utilizou vocabulário coerente com a proposta
·        Assimilou o aprendizado
·        Realizou a interpretação de maneira satisfatória



9. BIBLIOGRAFIA
Caderno de Formação,Vivências Artísco-Pedagógicas, p. 59, UNESP, 2.004.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Qualificação profissional para o magistério. Educação artística: Música e artes plásticas. Livro 4, 2ª. ed., Rio de Janeiro. Funtevê, 1986.

 www.mec.gov.br- Fundação Mario Covas





ANEXOS
AQUARELA- Toquinho
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Brando navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)

B-I-C-I-C-L-E-T-A
Sou sua amiga bicicleta.
Sou eu que te levo pelos parques a correr,
Te ajudo a crescer e em duas rodas deslizar.
Em cima de mim o mundo fica à sua mercê
Você roda em mim e o mundo embaixo de você.
Corpo ao vento, pensamento solto pelo ar,
Pra isso acontecer basta você me pedalar.
B-I-C-I-C-L-E-T-A
Sou sua amiga bicicleta.
Sou eu que te faço companhia por aí,
Entre ruas, avenidas, na beira do mar.
Eu vou com você comprar e te ajudo a curtir
Picolés, chicletes, figurinhas e gibis.
Rodo a roda e o tempo roda e é hora de voltar,
Pra isso acontecer basta você me pedalar.
B-I-C-I-C-L-E-T-A
Sou sua amiga bicicleta.

Faz bem pouco tempo entrei na moda pra valer,
Os executivos me procuram sem parar.
Todo mundo vive preocupado em emagracer,
Até mesmo teus pais resolveram me adotar.
Muita gente ultimamente vem me pedalar
Mas de um jeito estranho que eu não saio do lugar.

B-I-C-I-C-L-E-T-A
Sou sua amiga bicicleta.

BE- A- BÁ
Quando a gente cresce um pouco
É coisa de louco o que fazem com a gente:
Tem hora pra levantar, hora pra se deitar,
Pra visitar parente.
Quando se aprende a falar, se começa a estudar,
Isso não acaba nunca.
E só vai saber ler, só vai saber escrever
Quem aprender o bê-a-bá.
E além do abecedário, um grande dicionário
Vamos todos precisar:

Com A escrevo amor, com B bola de cor,
Com C eu tenho corpo, cara e coração.
Com D ao meu dispor escrevo dado e dor,
Com E eu sinto emoção!
Com F falo flor, com G eu grito gol
E com H de haver eu posso harmonizar.
Com I desejo ir, com J volto já, com L tenho luar.
Com M escrevo mão, mamãe, manjericão,
Com N digo não e o verbo nascer.
Com O eu posso olhar, com P paparicar,
Com Q eu quero querer.
Com R faço rir, Com S sapoti,
Com T tamanduá, com U Urubupungá.
Com V juro que vi, com X faço xixi,
No fim o Z da zebra.


ERRAR É HUMANO
Não, não é vergonha, não,
Você não ser o melhor da escola,
Campeão de skate, o bom de bola ou de natação.
Não, não é vergonha, não,
Aprender a andar de bicicleta
Se escorando em outra mão.

Não, não é vergonha, não,
Você não saber a tabuada,
Pegar uma onda, contar piada, rodar pião.
Não, não é vergonha, não,
Precisar de alguém que ajude
A refazer sua lição.

A vida irá, você vai ver,
Aos poucos te ensinando
Que o certo você vai saber
Errando, errando, errando.

Não, não é vergonha, não,
Ser da turma toda o mais gordinho,
Ter pernas tortas, ser bem baixinho ou grandalhão.
Não, não é vergonha, não.
Todos sempre têm algum defeito,
Não existe a perfeição.
HERDEIROS DO FUTURO
A vida é uma grande
Amiga da gente
Nos dá tudo de graça
Prá viver
Sol e céu, luz e ar
Rios e fontes, terra e mar...

Somos os herdeiros do futuro
E pr'esse futuro ser feliz
Vamos ter que cuidar
Bem desse país
Vamos ter que cuidar
Bem desse país...

Será que no futuro
Haverá flores?
Será que os peixes
Vão estar no mar?
Será que os arco-íris
Terão cores?
E os passarinhos
Vão poder voar?...

Será que a terra
Vai seguir nos dando
O fruto, a folha
O caule e a raiz?
Será que a vida
Acaba encontrando
Um jeito bom
Da gente ser feliz?...

Vamos ter que cuidar
Bem desse país
Vamos ter que cuidar
Bem desse país...

Será que no futuro
Haverá flores?
Será que os peixes
Vão estar no mar?
Será que os arco-íris
Terão cores?
E os passarinhos
Vão poder voar?...

Será que a terra
Vai seguir nos dando
O fruto, a folha
O caule e a raiz?
Será que a vida
Acaba encontrando
Um jeito bom
Da gente ser feliz?...

Vamos ter que cuidar
Bem desse país
Vamos ter que cuidar
Bem desse país...

O PATO
Lá vem o pato
Pato aqui , pato acolá
Lá vem o pato
Para ver o que é que há.

O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco.

Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo.

Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo.

Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela


VALSA PRA UMA MENININHA
Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fingindo assustada do bicho-papão.

Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque a vida somente é seu bicho-papão.

Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei.

O CADERNO
Sou eu que vou seguir você
Do primeiro rabisco
Até o be-a-bá.
Em todos os desenhos
Coloridos vou estar
A casa, a montanha
Duas nuvens no céu
E um sol a sorrir no papel...

Sou eu que vou ser seu colega
Seus problemas ajudar a resolver
Te acompanhar nas provas
Bimestrais, você vai ver
Serei, de você, confidente fiel
Se seu pranto molhar meu papel...

Sou eu que vou ser seu amigo
Vou lhe dar abrigo
Se você quiser
Quando surgirem
Seus primeiros raios de mulher
A vida se abrirá
Num feroz carrossel
E você vai rasgar meu papel...

O que está escrito em mim
Comigo ficará guardado
Se lhe dá prazer
A vida segue sempre em frente
O que se há de fazer...

Só peço, à você
Um favor, se puder
Não me esqueça
Num canto qualquer...(2x)
  
EDUARDO E MONICA
Quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
No outro canto da cidade, como eles disseram

Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
"Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir"

Festa estranha, com gente esquisita
"Eu não tô legal", não agüento mais birita"
E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
Sobre o boyzinho que tentava impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
"É quase duas, eu vou me ferrar"

Eduardo e Mônica trocaram telefone
Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
Mas a Mônica queria ver o filme do Godard

Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo"
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo

Eduardo e Mônica eram nada parecidos
Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
Ela fazia Medicina e falava alemão
E ele ainda nas aulinhas de inglês

Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
E o Eduardo gostava de novela
E jogava futebol-de-botão com seu avô

Ela falava coisas sobre o Planalto Central
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
Escola, cinema, clube, televisão

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia
Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer
E decidiu trabalhar (não!)
E ela se formou no mesmo mês
Que ele passou no vestibular

E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz

Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram
Batalharam grana, seguraram legal
A barra mais pesada que tiveram

Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília
E a nossa amizade dá saudade no verão
Só que nessas férias, não vão viajar
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação

E quem um dia irá dizer
Que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer
Que não existe razão?


  MONTE CASTELO
Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal,
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem.
Todos dormem. Todos dormem.
Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face.

É só o amor! É só o amor
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos,
Sem amor eu nada seria.


PAIS E FILHOS
Estátuas e cofres e paredes pintadas
Ninguém sabe o que aconteceu.
Ela se jogou da janela do quinto andar
Nada é fácil de entender.

Dorme agora,
é só o vento lá fora.

Quero colo! Vou fugir de casa!
Posso dormir aqui com vocês?
Estou com medo, tive um pesadelo
Só vou voltar depois das três.

Meu filho vai ter nome de santo
Quero o nome mais bonito.

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.

Me diz, por que que o céu é azul?
Explica a grande fúria do mundo
São meus filhos
Que tomam conta de mim.

Eu moro com a minha mãe
Mas meu pai vem me visitar
Eu moro na rua, não tenho ninguém
Eu moro em qualquer lugar.

Já morei em tanta casa
Que nem me lembro mais
Eu moro com os meus pais.

É preciso amar as pessoas
Como se não houvesse amanhã
Porque se você parar pra pensar
Na verdade não há.

Sou uma gota d'água,
sou um grão de areia
Você me diz que seus pais não te entendem,
Mas você não entende seus pais.

Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser,
Quando você crescer?


QUASE SEM QUERER
Tenho andado distraído,
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso,
Só que agora é diferente:
Sou tão tranqüilo e tão contente.

Quantas chances desperdicei,
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém.

Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia.
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira,
Mas não sou mais
Tão criança a ponto de saber tudo.

Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.

Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos!
Sei que, às vezes, uso
Palavras repetidas,
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?

Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que eu percebi
Como lhe quero tanto.

Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu quero o mesmo que você.

TEMPO PERDIDO
Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo...

Todos os dias
Antes de dormir
Lembro e esqueço
Como foi o dia
Sempre em frente
Não temos tempo a perder...

Nosso suor sagrado
É bem mais belo
Que esse sangue amargo
E tão sério
E Selvagem! Selvagem!
Selvagem!...

Veja o sol
Dessa manhã tão cinza
A tempestade que chega
É da cor dos teus olhos
Castanhos...

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo...

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora
O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens. Tão Jovens! Tão Jovens!...




 SERÁ – Legão Urbana
Tire suas mãos de mim
Eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender
Eu posso estar sozinho
Mas eu sei muito bem aonde estou
Você pode até duvidar
É só que isso não é amor.

Será só imaginação?
Será que nada vai acontecer?
Será que é tudo isso em vão?
Será que vamos conseguir vencer?

Nos perderemos entre monstros
Da nossa própria criação
Serão noites inteiras
Talvez por medo da escuridão
Ficaremos acordados
Imaginando alguma solução
Pra que esse nosso egoísmo
Não destrua nosso coração.

Brigar pra que
Se é sem querer
Quem é que vai
Nos proteger?
Será que vamos ter
Que responder
Pelos erros a mais
Eu e você?

Ativ. 1  - INTERPRETAÇÃO TEXTUAL  ORAL.

Ativ. 2  -  INTERPRETAÇÃO TEXTUAL ESCRITA
a)      EM SUA OPINIÃO O QUE O AUTOR QUER DIZER COM A FRASE: “.... NÃO É ME DOMINANDO ASSIM QUE VOCE VAI ME ENTENDER...”?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

b)  “... Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação..” O que você entende com esta frase?

 JOGOS

JOGO COM TIMBRES


Toda musicalização e educação musical pressupõe educação perceptiva, vocal e rítmica. Em algumas atividades podemos destacar alguma qualidade do som para trabalhar, mas implicitamente estaremos desenvolvendo a percpeção, a voz e o rítmo.
Vejamos por exemplo um jogo com timbres.

        Apresentar aos alunos os seguintes instrumentos: tamborim, sino ou triângulo, xilofone ou pauzinhos. Deixe que os manipulem a vontade.
A seguir, peça-lhes que recortem, em cartolina ou folhas de revistas, várias formas redondas, triangulares e retangulares. Cada criança deve ter cinco figuras de cada forma.
Combine com os alunos que o tamborim será representado pela forma redonda, o sino, pela triangular, e o xilofone, pela retangular.
Comece o jogo pelo reconhecimento auditivo de dois sons diferentes: você toca dois sons, e as crianças devem mostrar a forma correspondente.
    Em seguida, passe para o reconhecimento auditivo por memorização imediata: escondido das crianças, toque uma sucessão de sons, por exemplo, duas vezes o tamborim, uma vez o sino e três vezes o xilofone.
As crianças devem dispor os elementos assim
      Continue a elaborar as sequências sonoras cada vez mais rapidamente.
     Depois inverta a atividade: a partir de uma sequência de formas, as crianças tocarão os respectivos instrumentos.
É bom trabalhar a execução e a composição com cada criança. Uma delas propõe uma sequência de sons e formas que as outras crianças irão reconstruir com elementos correspondentes.
Finalmente, o professor toca uma sequência de sons e pede às crianças que desenhem, na ordem, os elementos da sequência.

DOMINÓ SONORO

É possível realizar esse jogo quando as crianças estão em condições de emitir sons formados.
Forma-se uma roda e, como no jogo de dominó com peças, uma criança emite duas sequências diferentes de sons, uma após a outra. A criança seguinte deverá imitar este segundo som e criar uma nova sequência; a terceira criança repetirá esta útlima sequência criando outra, e assim sucessivamente, até que todos tenham participado ou queiram acabar o jogo.
As sequências podem ser formadas por:
-som vocal;
-ritmo com palmas;
-ritmo com pés;
-ritmo com estalos de dedos etc.
Esta atividade favorece a memória auditiva e a criatividade.

 A Conversa com os Dados
Meta: Conversação com conteúdo social.
Motivação / Interesses: O assunto que sua criança goste de conversar (ex: carros, etc.).

Preparação: Faça dois dados gigantes  (caixas quadradas embaladas em papel). Um dado será o dado das “situações”, cada face terá uma situação diferente relacionada com a área de interesse de sua criança (ex: o carro quebrando, comprando um novo carro, etc.). No outro dado, escreva em cada face nomes de pessoas que sua criança conhece (ex: membros da família, voluntários do programa, o seu nome e o nome da criança).

Início da Atividade: Explique para a criança a atividade. Neste jogo, cada um tem a sua vez para jogar ambos os dados ao mesmo tempo. A combinação entre a situação e o nome da pessoa dita então o tópico da conversa. A idéia é conversar sobre como aquela pessoa específica agiria naquela determinada situação. Queremos encorajar conversas que tenham o foco em informações pessoais ao invés de informações factuais. Se você jogar os dados e obtiver a mesma combinação uma segunda vez, jogue o dado dos nomes novamente até que você tenha um nome diferente como tópico da conversa.

Construção da Interação – Aumentando o Nível de Motivação: Você joga os dados primeiro e então descreve como você acha que aquela pessoa agiria naquela determinada situação. Descreva a situação de forma animada, divertida, e bem detalhada, como se estivesse pintando um quadro da cena. Procure adicionar na sua descrição vários interesses da criança. Por exemplo, se a criança gosta de humor tipo “pastelão”, inclua na história pessoas escorregando ou deixando coisas cair, etc. Estimule a criança a ter a vez dela. Auxilie a criança a contar a história o quanto você achar necessário, e celebre quaisquer idéias ela oferecer. Continue alternando a vez entre os jogadores.

Solicitação: Quando a criança entender bem o mecanismo do jogo e estiver altamente motivada, comece a introduzir desafios maiores. Ofereça menos auxílio, fique em silêncio e espere que a criança ofereça mais idéias espontaneamente. Se a criança oferecer uma descrição apenas factual do que poderia acontecer naquela situação, ou uma descrição geral não relacionada à pessoa em questão, celebre esta descrição e solicite que ela traga elementos mais específicos para aquela história tendo em mente como aquela pessoa em particular agiria naquele contexto. Se necessário, ofereça algumas dicas relativas à personalidade daquela pessoa específica (ex: “Você se lembra como o (fulano) gosta de conversar o tempo todo? O que você acha que ele faria se o carro dele quebrasse?”).
A CASA
Vinicius de Moraes 
Composição: Vinicius de Moraes

Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela, não
Porque na casa não tinha chão
Ninguém podia dormir na rede
Porque na casa não tinha parede
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
na rua dos bobos numero zero.

1º Passo – Perguntar para as crianças se elas já ouviram está música e se conhecem quem escreveu;
Obs: Fazer uma leitura sucinta e objetiva da biografia do compositor.

2º Passo - Escrever a letra da música em um cartaz e cantar com as crianças mostrando a letra até que elas se familiarizarem com as palavras principalmente, se existirem alunos não alfabetizados; pois, eles necessitarão aprender a música de cor para poderem realizar as atividades propostas, caso, contrário, os mesmos não conseguirão fazer mais nada; 
Obs: A letra da música deverá ser registrada no caderno como uma sugestão de para casa, devendo ser preservado sua formatação e estrutura textual. Explicar aos alunos a que gênero pertence o texto: gênero música. O cartaz deverá ser afixado na sala, como mais um componente do ambiente alfabetizador.

3º. Passo – A professora fará uma leitura bem expressiva do texto. Os alunos poderão acompanha - lá no cartaz, ou melhor, ainda, no texto que já foi copiado no caderno, fará comentários sobre o assunto, do tipo: do que ela fala? Discutirá bastante com eles sobre esta casa que é bem diferente das casas que eles conhecem, perguntará sobre as palavras desconhecidas e tentará juntamente com eles buscar o significado das palavras no contexto.

4º Passo – Após realização do trabalho do item anterior, a professora irá propor a busca das palavras que não foram esclarecidas com sua intervenção no dicionário, fazendo os direcionamentos para a busca pelas crianças; como intervenção a professora pode dizer: vamos procurar a palavra... ela está na página ...., dependendo da turma a professora pode ainda situar em qual coluna está a palavra a ser procurada e ainda se esta no meio, embaixo ou mais acima da coluna.

5º Passo – O professor pedirá aos alunos que procurem na letra das músicas as palavras que rimam e faça uma marca nas terminações que se combinam, podendo ser sugerido de maneira oral que os alunos digam outras que se assemelhem e as registrem no caderno;

6º Passo – Colorir as palavras selecionadas da seguinte forma: a primeira sílaba com a cor amarela, a do meio com a cor verde e a última com a cor azul. Depois de marcadas pelas respectivas cores, pedir aos alunos que registrem as palavras no caderno, uma debaixo da outra e que façam um círculo com vermelho na palavra que contém o maior número de letras e um quadrado de cor laranja na palavra que contém o menor número de letras;

7º Passo - Colocar em ordem alfabética as palavras do 5º item e classifcá- las conforme o número de sílabas. Se os alunos já conhecem a terminologia da classificação de sílabas poderão fazê-lo, caso contrário, deverão apenas contar as sílabas e registrar na frente de cada palavra a quantidade das mesmas;

8º Passo – Formar frases com as palavras do item anterior. Se a criança ainda não está alfabetizada a professora escreverá no quadro as palavras de forma desordenada e auxiliará na formação das frases. Após, esse trabalho pedir para que as crianças as reescrevam;
Obs: Manter a sala com os alunos em pequenos grupos para facilitar a intervenção e orientação da professora.

9º Passo – Pedir aos alunos para fazerem uma ilustração de uma casa muito engraçada e uma de sua casa. A professora pedirá para a criança fazer uma comparação entre a “Casa muito Engraçada” e a sua casa. Perguntando: Qual é a diferença entra as duas casas? O que elas têm de parecido? Etc. A professora ouvirá a opinião das crianças.

10º Passo – Após a reflexão do item anterior se a criança já está alfabetizada ela criará uma pequena história após ter refletido sobre está “Casa muito Engraçada” e a sua casa. E as crianças que ainda não são alfabetizadas podem trabalhar o texto da música fatiado, para que a criança possa ordená-lo.
Obs: Pode ser sugerida a confecção de um texto coletivo.